Alunos e professores nas redes sociais: qual é o limite da amizade?
Suellen SmosinskiEm São Paulo
Suellen Smosinski
Em São Paulo
Uma forma de contato que pode extrapolar os limites da sala de aula são as redes sociais. Os alunos podem ser "amigos" dos professores no Orkut e Facebook e podem seguir seus comentários no Twitter, conhecendo muitas vezes um lado mais pessoal do docente.
Segundo Sônia Bertocchi, educadora, que defende o uso pedagógico das redes sociais, "a regra que vale é a do bom senso". “O professor tem que cuidar da reputação como profissional [nas redes sociais]”, diz a consultora que tem forte atuação no Twitter. Sônia dá algumas dicas básicas para chegar a esse equilíbrio: "Se você não expõe seu telefone na rua, você não deve colocá-lo no Facebook. Se você não usa uma roupa mais ousada no serviço, você não vai postar uma foto com uma roupa assim. Essas coisas não se apagam, o que hoje pode ser muito legal, daqui cinco anos pode não ser mais tão legal". Para a educadora, o professor deve investir em um contato com os alunos pela internet se isso puder contribuir para as aulas. "Se o Twitter dele [do professor] é so para falar que ele acordou, dormiu, foi à praia, não vale adicionar aluno. Mas, se tiver uma intencionalidade pedagógica é muito válido", explicou. Perfis duplicados
A coordenadora do CNA, Yasmim Salgueiro, 26, afirma que tem muitos alunos no Facebook. "Eles vêm tirar dúvidas, falar de coisas da escola. Mas também gostam de ver se o professor é casado, se ele namora... na minha época de estudante eu não sabia de nada da vida do professor, hoje eles sabem onde eu fui no fim de semana, quem são meus pais, meus amigos", contou Yasmim. Já Willian D' Andrea, 25, professor de geografia para o ensino médio, evita misturar amigos e alunos nas redes sociais: "Eu separo tendo, por exemplo, dois orkuts - um para vida pessoal, outro para os alunos. Faço o mesmo com MSN e mantenho algumas redes sociais, como o Facebook, apenas para pessoas do meio particular. Faço isso para não misturar e para me proteger também".
Amigos, mas nem tanto: professores contam como equilibrar relação com alunos e escapar de cantadas
Suellen Smosinski
Em São Paulo
O alvo está ali, bem à frente da turma. Ele fala bem – e parece bastante atraente aos olhos da plateia. Primeiro são os olhares (que podem ter, ou não, um jeito malicioso); depois é só puxar um papo ou mandar um bilhete. E o que pode vir depois disso?
O ritual da paquera não seria um problema, se o alvo não fosse professor e o caçador, um de seus alunos. Quem nunca se apaixonou pele mestre na época do colégio? Se não foi personagem principal dessa história, certamente, já ouviu relato de alguém que passou por essa situação.
Mas e o professor? Como ele reage a esse tipo de situação? Jovens professores ouvidos pelo UOL Educação contaram como é esse tipo de assédio e como eles saem das investidas dos alunos de passarem dos limites, seja numa tentativa de conquistar amizade ou uma investida com segundas intenções.
Uso “pedagógico” do interesse
"Normalmente eles [os estudantes] ficam curiosos para saber a idade, em que é formado, o que gosta de fazer, essas coisas mais pessoais, como se fossem fazer amizade. Se o professor for 'legal', eles tentam conversar como se fosse um amigo mais velho, chamam para sair e fazer coisas que gostam", contou Willian D' Andrea, 25, professor de geografia para o ensino médio.
D'Andrea procura usar essa curiosidade para melhorar a aula: "Tento conversar com eles, pois fica mais fácil ter a atenção e o respeito deles se eles gostarem de mim, principalmente na hora de fazer trabalho e atividades, mas não deixo eles pensarem que sou um amigo legal a ponto de relaxarem".
Yasmim Salgueiro, 26, é coordenadora pedagógica da escola de inglês CNA e procura adotar uma tática parecida com a do professor de geografia. "Descobri que o melhor professor é aquele que tem aparencia de jovem, se veste como jovem, mas sabe separar. Tem que ser amigável, mas não ser amigo. Senão, ele perde autoridade".
Fã-clube
Com uma equipe em que o professor mais velho tem 28 anos, Yasmim repara que as meninas são as mais 'saidinhas': "Eles sofrem muito assédio por parte das alunas adolescentes. Elas escrevem cartas de amor, ficam apaixonadas, escrevem bilhetes nas provas”. Envolvimento entre docente e estudante é proibido. “Se o professor não tem preparo ele pode acabar ficando com a aluna e isso pode influenciar negativamente nas aulas", diz Yasmim.
O novo professor da unidade, Egon Morais, 23, tem despertado grande interesse nas alunas, que ganharam até o apelido de "egonzetes". Ele disse que procura levar tudo na brincadeira, para não deixar a situação "sair do controle" e garante que até hoje nunca aconteceu de ninguém confundir e se apaixonar de verdade. "Eu sempre deixo bem claro que eu namoro. Sempre procuro mostrar que a relação dentro da sala de aula é de aluno e professor e fora pode até ser de coleguismo, mas nada mais", contou.
Segundo D'Andrea, nas aulas de geografia, o assédio não é muito diferente. "Algumas alunas chamam para sair, algumas xavecam sem disfarçar, outras tentam ser mais discretas, algumas se aproximam com malícia...” Sabe o que ele faz? Primeiro tenta se fazer de desentendido e quando isso não dá certo... “Se elas falam durante a aula, tento responder de uma maneira que as deixe com vergonha para não fazer mais, ou tento descontrair e fazer a sala rir, como se tudo fosse brincadeira", conta.
Mas depois que eles se formam, a relação pode mudar. "Tenho alunos que terminaram o ensino médio e hoje são meus amigos, a gente sai junto e tudo, mas antes quando eram estudantes eu só conversava".
Fonte: Uol Educação
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